Lendas que deságuam na Baía

Oficina proposta pelo projeto Fanfiction da Escola na Mostra de Cultura Marítima do Rio de Janeiro do Museu do Mar da UFRJ

FANWORK
Abstract Shape
Abstract Shape

FANFICTION

NA

ESCOLA

O Fanfiction na Escola é um projeto que se utiliza do trabalho de criação de fanfictions, entre outras produções de fã para desenvolver ações de letramento, que visa o incentivo da leitura e da escrita.

Fanwork, fan labor e fan made, são nomenclaturas dadas ao que Barreto (2022) compreende como produção de fã, que nada mais é que "todo o trabalho dos fãs em prol da conservação, promoção, manutenção, consumo e até mesmo recriação de seus produtos culturais de admiração, sendo esses produtos de diversos tipos, origens e formatos, como filmes, séries, doramas, músicas, bandas, atletas e muitos outros."


Aproveitando esse conceito e o fato do termo fanwork ser a junção das palavras inglesas fan + work, permitindo assim uma alusão a uma oficina de fã, surgiu a ideia de fanWork como uma oficina itinerante, capaz de ser realizada em um dia, unindo a produção de fanfics, fanarts e fanzines.

Yellow Smiling Face

FANWORK

Abstract Shape
Yellow Smiling Face
Organic Shape Line Art
Organic Shape Line Art
Organic Abstract Shape

FANFICTION

A fanfiction, fanfic ou apenas fic, são histórias escritas por fãs com o intuito de homenagear e até mesmo criticar uma obra original admirada e conhecida no mundo das fanfictions como canon. De acordo com Maria Vargas “A fanfiction é, assim, uma história escrita por um fã, envolvendo os cenários, personagens e tramas previamente desenvolvidos no original, sem que exista nenhum intuito de quebra de direitos autorais e de lucro envolvido nessa prática” (VARGAS 2015, p.21).

Black and White Scroll-like Line Banner with Rolled up Edges and Striped Shadow Details

Naruto

Black and White Scroll-like Line Banner with Rolled up Edges and Striped Shadow Details

Glee

Harry Potter

WWE

Black and White Scroll-like Line Banner with Rolled up Edges and Striped Shadow Details
Organic Shape Line Art

FANART

Enquanto a fanfiction é a produção de fã que se expressa através da linguagem artística compreendida como literária, tendo nas palavras e nos gêneros literários seu veículo de criação e manifestação, a fanart é o tipo de produção de fã que se apresenta através das imagens.

A fanart pode se manifestar através da gravura, pintura, fotografia, colagem (manual ou digital), escultura, entre outras expressões do gênero, em resumo, nas mais diversas formas de representação das artes visuais. Curi (2010) confirma esse dado, apresentando a fanart como a “(...) representação pictórica da ideia original que um fã tem ao consumir determinado objeto, capaz de ir até onde a criatividade do fã e o seu talento permitirem”.

Artes de Gabriel Picolo

Abstract Line Shape Element

FANZINE

As “Fanzines são veículos amplamente livres de censura, em que não há preocupações com grandes tiragens ou lucratividade e seus editores são os únicos encarregados de todo o processo de produção, incluindo escrita, edição e distribuição” (CAMARGO, 2011).


O termo fanzine é a junção das palavras inglesas fanatic e magazine (em português revista de fã), esse termo foi pensado por Russ Chauvenet em 1941 e servia para nomear publicações impressas no modelo de revista como seu próprio nome sugere, que tiveram seus primeiros registros de aparição na década de 1930, nos Estados Unidos, inicialmente veiculando conteúdos relacionados a ficção científica e seus fãs, posteriormente abrangendo mais temas (MAGALHÃES, 1993).

Hand Drawn Frame
DIY Zine Modular Letter I
DIY Zine Modular Letter E
Sleek Illustrative Modular Letter N
DIY Zine Modular Letter Z
Hand Drawn Rectangular Frame
Blue Blah Illustration Collage Letters
Beautiful Life Ticket
Brown Abstract Shape
Organic Shape Line Art
Organic Shape Line Art
Pink Abstract Blot

FANWORK

E.M.LÚCIO DE MENDONÇA

A E.M. Lúcio de Mendonça foi a primeira escola a receber a fanWork, ela se localiza no bairro de Anchieta/RJ, divisa com o município de Nilópolis, às margens do Rio Pavuna que deságua na Baía de Guanabara. Levando em conta o contexto geográfico e histórico da região, os textos trabalhados contavam as lendas do folclore brasileiro ligadas aos rios, como a história do Boto Cor de Rosa e da Iara, mais a lenda da Caipora, ser da floresta que defende os animais, sendo um dos principais a capivara, animal anteriormente muito presente no Rio Pavuna, como antigos moradores da região testemunharam. A escolha dessas lendas também se deu por sua origem indígena, o que dialoga muito com o passado da região, que recebeu seu nome em homenagem a José de Anchieta, padre jesuíta espanhol que veio ao Brasil em 1553 com a missão de ensinar e catequizar os nativos.


Ao falar sobre José de Anchieta, a oficina tem objetivo de instigar reflexão sobre natureza e cultura, dois conceitos íntimos, porém desassociados a partir de uma ideia de cultura ligada à civilização. Segundo Chaui (2021) a partir do século 18 o conceito de cultura unido a ideia de civilização foi o que deu base para justificar o colonialismo, tendo a civilização europeia como modelo padrão. No entanto, antes mesmo do século 18 podemos identificar esse pensamento se formando, como por exemplo as missões evangelísticas que invadiram o Novo Mundo buscando impor sua fé, tendo como pano de fundo a conquista de um novo território.

Abstract Line Shape Element
Pink Abstract Blot
Abstract Line Shape Element

FANWORK

E.M.LÚCIO DE MENDONÇA

A oficina buscou se conectar com o território da Ilha de Paquetá localizada na Baía de Guanabara, região ligada ao bairro de Anchieta pelas águas e que proporcionou um mundo de novas histórias para os educandos que participaram da oficina.


Tendo as referências propostas e discutidas ao longo da fanWork, os educandos tiveram a oportunidade de durante o processo criar produtos completos mesmo em um curto período de tempo. Para iniciar o processo de criação do produto, que fez uso da lógica das histórias em quadrinho, no formato zine, os educandos foram orientados a criar um roteiro, onde organizaram sua história e ações necessárias ao seu desenvolvimento.

Yellow Smiling Face
Yellow Smiling Face

BAÍA DE GUANABARA

É a mais fértil e viçosa terra que há no Brasil José de Anchieta 1534 1597


Segundo o portal institucional MultiRio, a Baía de Guanabara "é ampla e considerada uma das mais abrigadas do mundo, devido ao espaço estreito de sua barra, com 1.600 metros. Possuindo uma área aproximada de 400 quilômetros quadrados e profundidades além de 40 metros, em sua margem oeste, localiza-se a cidade do Rio de Janeiro com seu porto; na leste, a cidade de Niterói; na parte norte, junto à Ilha do Governador, encontra-se um dos principais terminais petrolíferos do país. Em ambas as margens, estão os grandes estaleiros que constroem e que reparam embarcações. A baía é ladeada por dois morros, que constituem uma proteção natural e são elementos importantes para contar a história da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1565."


Além dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, segundo a CEDAE, a baía também é cercada por Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo, possuí 53 praias e nela deságuam mais de 35 rios. Sua história é repleta de disputas e grandes acontecimentos, como o registro pioneiro em filme do território nacional através das lentes do cinegrafista italiano Affonso Segretto, em 19 de junho de 1898. Em relação as disputas destaca-se o conflito entre França e Portugal, sem ignorar a rivalidade entre o povo Tupinambá (Tamoios) e Temininós (Maracajás) como exposto por Vivaldo Coaracy (1965).


Em maio de 1555, o cavaleiro de Malta Nicolas de Villegagnon parte do porto do Havre, chegando a baía do Rio de Janeiro em meados de novembro, com 600 homens divididos em dois navios, entre os homens estava o frade franciscano André Thevet. Inicialmente a tripulação francesa teve medo dos indígenas, mas ao encontrarem os Tamoios criaram uma relação de dependência com eles e construíram uma fortaleza no território.


Em 15 de março de 1560 a fortaleza francesa é tomada pelos portugueses e a aventura colonial da França Antártica termina. "Todavia, a resistência prossegue até 1567 e o desmantelamento não põe um fim à presença francesa. As incursões corsárias e o comércio ilegal continuam, e a memória da França Antártica inspira a experiência da França Equinocial." (Fonte: Biblioteca Nacional Digital)

<ilhadepaqueta.com.br>ilha-de-paqueta.Mapa-de-guanabara-artigo

Abstract Blob Shape
Abstract Blob Shape
Abstract shapes
A Ilha de Paquetá localiza se a aproximadamente 15 km de distância do centro da cidade do Rio de Janeiro situada ao noroeste da Baía de Guanabara No livro o Descobrimento de Paquetá de Marcelo Augusto Limoeiro Cardoso André Thevet é apontado como o primeiro a realizar um registro formal da Ilha de Paquetá que segundo o estrangeiro ao se relacionar com os indígenas do território descobriu que a Ilha teria esse nome devido a existência de muitas pacas no local Thevet contribui ainda com o registro de um mapa da Ilha que indicava a existência de córregos e indígenas no local por volta de 1555 Já os livros O Rio de Janeiro no século 17 e Paquetá imagens de ontem e de hoje ambos de Vivaldo Coaracy alega a não existência de nascente ou córregos no território além de afirmar a não referência de antigos moradores na Ilha antes do século 18 Coaracy assume ainda que por Paquetá não possuir evidências de nascentes e fontes de água corrente não poderia ser um lugar de muitas pacas um mamífero que necessita desse tipo de fonte de água Mas o próprio Vivaldo Coaracy afirma que segundo Teodoro Sampaio em O Tupi na Geografia Nacional o significado de Paquetá é esclarecido como muitas pacas No entanto acaba atribuindo a Paquetá o significado de lugar das conchas ou muitas conchas justificando se em uma abundante quantidade de restos de mariscos no território e o cruzamento desse termo com outras línguas indígenas que existiam no país

Marc Ferrez, Paquetá, c.1890. Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível no site: https://brasilianafotografica.bn.gov.br

Capela de São Roque,1925, Brasil, Rio de Janeiro, Paquetá/Instituto Moreira Salles(Autora desconhecida

Disponível no site: https://brasilianafotografica.bn.gov.br

ILHA DE PAQUETÁ

Abstract Organic Shape
Organic Abstract Shape
Organic Forms and LinesElement-40

LENDA DA MORENINHA

Itanhantã, belo e forte índio tamoio, provia o seu povo com a caça e a pesca que trazia para ele. Remava, todos os dias, rumo à ilha de Paquetá. Caçava os mais perigosos animais, que tombavam diante das suas flechas certeiras.


Em Paquetá vivia Poranga, bela índia, que no esplendor dos quinze anos, encheu-se de amor pelo viril caçador. Apaixonada, a índia ajudava o amado, buscando a caça abatida. Olhava-o com ternura, falava-lhe com doçura, mas o valente caçador não se comovia com o amor e dedicação da índia.


Todos os dias, depois de muito caçar, Itanhantã repousava na sombra de uma gruta, até recuperar as forças. A índia velava do alto da pedra o sono repousante do amado. Chorava as mais tristes lágrimas que corriam pela pedra. Enquanto chorava, ou esperava pela vinda do amado, Poranga entoava o belo canto de amor não correspondido, que ecoava por toda Paquetá.


O tempo passou; lágrimas e canto da índia não comoveram o coração de Itanhantã. Tantas foram as lágrimas, que abriram a pedra da gruta, transpassando-a, vindo um dia, a cair sobre o rosto do tamoio. Assustado com aquela água , Itanhantã fugiu da gruta, vindo a encontrar Poranga no caminho. Diante dos olhos lavados pela água da gruta, Itanhantã descobriu no rosto da índia a mais perene beleza, e no seu olhar, o amor eterno.


Apaixonado, Itanhantã tomou Poranga nos seus braços e a beijou. Levou a índia na sua canoa e foram felizes para sempre.


Dizem que, até hoje, quem jurar seu amor, ali mesmo, na Pedra ou na Gruta, será feliz para sempre com seu amor...


AS LÁGRIMAS DE AMOR

Lenda similar a Lenda da Moreninha em uma versão estendida presente no livro A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo.


Para ler o texto acesse o livro ao lado disponibilizado pelo portal do Domínio Público.


A lenda As Lágrimas de Amor está presente nas páginas 40 e 41 do livro.



Illustration of a Mountain

Moreninha

Aesthetic Blob
Abstract watercolor scribble element

LENDA DA PONTE

Tudo aconteceu no tempo em que os escravos desembarcavam neste cais, vindos de Brocoió, onde faziam quarentena, antes de entrar em contato com a população de Paquetá. Por esse fato é que o cenário desta estória teve como palco este lugar.

Seu personagem principal foi um preto forte e triste, chamado pelos negros de João Saudade e, pelos feitores, de João da Nação Benguella. Seu nome criou fama nas senzalas onde, na prosa dos mais velhos, foi um mito, falado e venerado por toda a gente escrava.

João da Nação Benguella, no tempo do mil réis, foi vendido aqui por 400$000, avaliados pela força e robustez da exuberância muscular do seu contorno. Dizem que veio da África num dos navios negreiros de Francisco Gonçalves da Fonseca, o dono do “Solar Del’Rei”. Como era de costume, depois da quarentena em Brocoió, veio para cá numa falua, que uma vez por mês encostava neste cais da “Praia das Pedreiras”.

João obedeceu com resignação ao costumeiro ritual; porque em seu peito não havia lugar – nem para ódios, nem para revoltas – porque já estava todo cheio de um outro sentimento: a enorme saudade que lhe fazia sofrer por Januária, e lhe fazia viver pelo amor de Loreano, um pretinho rechonchudo; filho deles dois. João Saudade não podia imaginar o que fora feito deles. Quando foi capturado, não houve tempo nem para um abraço, nem para um “adeus”!

Os anos passavam-se lentos e João passava os anos rezando pelo amor dos dois. No íntimo de si havia uma certeza estranha… uma esperança, que a falange de Iemanjá, que o trouxera sobre as ondas, também traria seus dois amores que, um dia, ele veria chegar naquela “ponte”, depois de alguma quarentena em Brocoió. Algo lhe dizia que o destino lhe havia reservado um reencontro… e era por ele, que rezava aos guias e esperava ali a cada desembarque.

Passaram-se os anos. E cada ano que passava era mais longo… mas nenhum, maior que a perseverança de João “Benguella”. Durante o dia, trabalhava nas caieiras; e à noite, rezava junto ao cais, conversava com a Lua, falava com as estrelas, molhava os pés cansados nas águas amenas deste mar, e lavava as suas mágoas nas gotas de sereno. Somente quando ouvia o pio das primeiras aves despertadas é que parava de falar com a Estrela Dalva. Olhava para o céu, despedia-se da noite já passada; dava um bom dia para a madrugada e voltava… devagar e triste, para as tristezas da senzala.

Todos os dias João chegava, cabisbaixo… cansado de rezar em vão, por encontrar um lenitivo para a dor desta saudade que, amargurando a sua alma, minava a resistência do seu coração, transbordando-lhe nos olhos refletida em cada lágrima.

João não era apenas um escravo triste. Para alguns dos velhos, era a própria encarnação humana da saudade.

O tempo passava como de costume, no correr dos anos: João, sua Saudade, os desembarques, o velho cais… Mas eis que um dia, João não regressou com os passarinhos… e os escravos, na senzala, deram falta dele e, em vão, o procuraram.

O desaparecimento de João Saudade aconteceu na manhã seguinte de uma 6a feira em que a rotina da noite foi quebrada por um fato de espanto e de mistério: – talvez por dois minutos, um clarão estranho transformou a noite em dia, sem que ninguém soubesse explicar por que! Apenas viram surgir no Céu uma estrela muito grande e muito bela, e os seus raios de luz, iluminando a noite, encheram a “Ponte da Saudade”



de um clarão de prata, que foi visto por todos na senzala. Quando o clarão se apagou, João Saudade, que rezava no cais, havia desaparecido juntamente com a estrela brilhante e os seus raios de luz.

Ninguém, jamais, soube explicar o que aconteceu à estrela e a João Saudade que, desde aquela noite desapareceu misteriosamente.

Tornou-se crença dos escravos que aquela estrela foi a falange iluminada de Iemanjá que, pela força da Saudade de João “Benguella”, teve permissão do Astral para buscá-lo, pondo fim ao sofrimento do seu Banzo; saudade imensa pela qual viveu, e pela qual sempre pediu para ir embora.

O cais onde João ficava passou a ser chamado de “A Ponte da Saudade”, transformando-se em local de reza e ritual dos negros, na esperança de que um dia também, pela força da Fé, fossem levados por alguma estrela… e libertados”

A noite estava bonita… toda estrelada; e o mar, refletindo a luz da lua cheia, era um espelho de prata. Olhamos o Céu, movidos por uma força superior dentro de nós: quem sabe, não poderíamos ver, entre milhares de estrelas tremeluzindo, aquela em que João Saudade encontrou seus dois amores!?


Fonte: https://ilhadepaqueta.com.br/a-lenda-da-ponte-da-saudade/

BOTO

Gosto de dançar e nos bailes

procuro um amor. Nas festas

sempre deixo uma moça apaixonada.

No fim da noite, largo tudo

e volto a ser boto. Vou logo para

o rio onde é minha morada.

Os pescadores por mim

têm grande respeito.

Mesmo sendo conquistador,

sou um bom golfinho.

Amparo a canoa no temporal

e ajudo na pesca.

Salvo quem cai na água

empurrando com o focinho.

Sigo conquistando

as mulheres de perto do rio

não faço mal a ninguém,

só quero namorar…


Fonte: Editora BrasiLeitura

Quem é o boto cor-de-rosa?


Sou o Boto, um golfinho

do Rio Amazonas.

Nadei até aqui e a minha

história eu vou contar.

De dia fico na água

e de noite sou um mistério.

Dizem que em homem

posso me transformar.

A transformação

só acontece ao anoitecer.

Eu viro moço bonito,

alto, e bem forte.

Mas ainda fica um furo

no alto da minha cabeça.

Então uso um chapéu para

essa marca esconder.



Organic Forms and LinesElement-40
Organic Forms and LinesElement-37
Pink Abstract Blot

CAVALO MARINHO

É descrito no Dicionário do Folclore Brasileiro como "Animal encantado que vive no mar ou nos rios." Apesar da origem oriental, no Brasil Cônego Francisco Bernardino de Sousa registrou uma versão antiga sobre uma ilha denominada Cavalo Marinho, no rio Uaicurapá em Parintins:


"É crença geral entre os índios, e que se foi transmitindo também à gente civilizada que por ali habita, que no cimo da colina existe um lago, que é habitado por um grande peixe, que tem as formas de um cavalo. Daí, pois, o nome de ilha do Cavalo-Marinho. Sendo ela todo de terra firme, isto é, não sujeita às inundações, de belo aspecto e de terreno próprio para a lavoura, é, entretanto, tal o terror que incute o fantástico monstro que ninguém ousou ainda explorar a ilha, achando-se ela completamente deserta. No verão, e quando as praias mostram-se descobertas, encontram-se em diferentes pontos uns como resíduos, nos quais notam-se ossos, cabelos, escamas, penas, etc. Dizem os índios que são as fezes lançadas pelo peixe misterioso. Quem encontrar o cavalo-marinho ficará rico com os cabelos das crinas e caudas, todos de ouro puro e reluzente" (CÂMARA CASCUDO, 10 ed., p. 261-262).

Para saber mais sobre a lenda acesse o site No Amazonas é Assim, link na lista de referências.


Organic Abstract Shape

JURUPARI

Jurupari - Ilustração de Marcio Castro

Jurupari, demônio dos sonhos ou Deus do Sol



Possuindo mais de um significado para o seu nome como “boca mão sobre: tirar da boca” e “Ser que vem a nossa rede, isto é, o lugar onde dormimos”, como pode ser observado no Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo, o Jurupari é uma figura muito conhecida do folclore amazônico.


Entre algumas compreensões do que seria o Jurupari, destaca-se sua versão como entidade ameríndia ligada ao povo Tupi, entendida pela concepção ocidental como um demônio. Segundo o Portal Amazônia:


“Na versão mais conhecida, Jurupari é o deus da escuridão e do mal, que visita os indígenas em sonhos, deixando as vítimas assustadas ao causar pesadelos e presságios ruins. Durante o sonho, a pessoa é impedida pelo deus de gritar, causando asfixia. Essa versão foi estimulada e contada pelos jesuítas como a personificação do próprio mal, descaracterizando as crenças indígenas sobre a entidade divina.”


Porém, isso não é de fato o que Jurupari significa para os indígenas. Segundo Cascudo (p.496) “Jurupari é o legislador, o filho da virgem, concebido sem cópula, pela virtude do sumo da cucura do mato, e que veio mandado pelo Sol para reformar os costumes da terra, a fim de poder encontrar nela uma mulher perfeita, com o que o Sol possa casar”.

Jurupari é descrito como um legislador divinizado que surge no tempo em que as mulheres mandavam nos homens e que isso era contrário as leis do Sol, por isso Jurupari veio retirar o poder das mulheres e entregar aos homens, instaurando o patriarcado.


Para saber mais sobre leia o Dicionário do Folclore Brasileiro.






Organic Abstract Shape

JACI

Jaci é a própria Lua, mãe dos frutos, com domínio sobre toda a vida vegetal, uma divindade feminina que na teogonia indígena era irmã e casada com o Sol. Possuindo como deuses submetidos ao seu controle o Saci-Pererê, o Mboitatá, o Urutau e o Curupira (CÂMARA CASCUDO, 10 ed., p. 466-467). Segundo algumas crenças populares Jaci também era filha de Tupã, guardiã da reprodução e responsável por despertar a saudades no coração dos caçadores e guerreiros para voltarem para suas esposas e que sobre o seu comando na verdade havia 5 encantados: Saci-Pererê ou Mati-Taperê, Boitata, Ourautão uma coruja da noite, Courrupira, Iara e Boiouna a serpente guardiã dos rios.


Há muitas lendas sobre a deusa Jaci, uma delas sobre sua criação narra que "Tupã criou Jaci para ser a Rainha da Noite e trazer suavidade e temor para os homens. Mais tarde, Tupã foi pego pelo seu charme, e acabou se apaixonando por ela. "

Já outra lenda conta que Jaci era irmã e amante de Guaraci (ou Coaraci), o Sol. "Um dia Guaraci estava muito cansado e por isso teve que fechar os olhos para descansar um pouco. Com os olhos fechados, tudo foi abraçado pela escuridão e então, para iluminar tudo enquanto dormia, ele criou a Lua, Jaci. Jaci era tão linda que Guaraci logo se apaixonou por ela. Infelizmente, quando ele abria os olhos para admirar a Lua, ela sempre desaparecia. Então ele criou Ruda, o Amor e seu mensageiro, para que ele pudesse dizer a Jaci o quanto a amava. Além disso Guaraci criou as estrelas, seus irmão, para estarem com ela enquanto ele dorme."

Outra Versão do romance entre Guaraci e Jaci conta que "Jaci estava vagando pela Floresta Amazônica, quando viu Guaraci. Ele era um guerreiro bonito, com olhos de fogo, pele dourada e uma energia radiante. Guaraci observou Jaci e caiu em amores com sua beleza prateada e sua timidez. Conforme eles declaravam seu amor um pelo outro, Guaraci começou a queimar com tal paixão que, ele percebeu, estava colocando a Terra em perigo. Ao mesmo tempo, Jaci estava tão dominada pelo amor que ela começou a derramar lágrimas de felicidade, que quase inundaram a Terra. Incapazes de controlar suas emoções, Jaci e Guaraci decidiram que seria perigoso demais eles ficarem juntos. Relutantes, eles concordaram nunca se encontrarem no mesmo local novamente. Guaraci logo esqueceu Jaci, que se certificou de nunca aparecer antes que Guaraci durma. No entanto, Jaci ficou tão inconsolável que ela chorava todas as noites. Suas lágrimas escorriam sobre as folhas das árvores, formando poças no chão da floresta e descendo pelas montanhas, criando assim o grande Rio Amazonas" (MARCOS PESSOA, 2020).


Além dessas lendas, a uma que conecta Jaci a planta vitória régia. "Segundo a lenda, Jaci se sentia solitária no céu e por isso descia à Terra para levar as indígenas para o céu e transformá-las em estrelas.

Uma delas, Naiá, desejava muito se tornar uma estrela e toda noite fugia em busca da Lua. Enquanto observava o reflexo da Lua nas águas de um lago, Naiá acabou se afogando. Jaci presenciou o acontecimento e a transformou em uma vitória régia, para viver para sempre entre a Lua e os lagos" (PORTAL AMAZÔNIA, 2022)


Organic Forms and LinesElement-40
Pink Abstract Blot
Organic Forms and LinesElement-40
Pink Abstract Blot
Abstract Line Shape Element

ZINES

Conheça as zines da exposição FanWork: Lendas que deságuam na Baía!


Clique nas zines ao lado e tenha acesso as obras completas >>>

Organic Abstract Shape
Organic Forms and LinesElement-37

Como fazer uma Zine?

Filme em animação que inspirou parte da FanWork: Lendas que deságuam na Baía

Amor

e

Fúria

Direção e roteiro Luiz Bolognesi

Ilustrações

Referências

Para ter acesso aos textos e outros materiais utilizados nessa exposição é só clicar no botão ao lado >>>

Button
Organic Abstract Shape

CRÉDITOS

FanWork: Lendas que deságuam na Baía

na Mostra de Cultura Marítima do Rio de Janeiro do Museu do Mar da UFRJ

Eloá Gaspar Barreto

Curadoria

Alice Rebeca P. Paulino

Ilustração e Design

Apresentada por

Realização

Organic Forms and LinesElement-40